Pessoa, Fernando

Gosto das suas cartas, que são meiguinhas, e também gosto de si, que é meiguinha também. E é bombom, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo, e o bebé deve escrever-me sempre, mesmo que eu não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguém gosta de mim, e também porque é que havia de gostar, e isso mesmo, e torna tudo ao princípio, e parece-me que ainda lhe telefono hoje, e gostava de lhe dar um beijo na boca, com exactidão e gulodice e comer-lhe a boca e comer os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu ombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ofélia gosta de um meliante e de um cevado e de um javardo e de um individuo com ventas de contador de gaz e expressão geral de não estar ali mas na pia da casa ao lado, e exactamente e enfim, e vou acabar porque estou doido, e estive sempre, e é de nascença, que é como quem diz desde que nasci, e eu gostava que a bebé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despia-a, e o papel acaba aqui mesmo, e isto parece impossível ser escrito por um ente humano, mas é escrito por mim.

É bom regressar...

Llévame

E finalmente parei de fugir, de negar o óbvio.

Tolo!

Há muito tempo que sei onde é a minha casa, onde os meus abraços se completam e encontram o seu par.

Tolo!

Tolo como sou, negar sempre me pareceu uma boa opção... A quimera da procura... TOLO!!!

Cá estou, alive and kicking e dê por onde der, sei a que porta vou acabar por dar, seja em que papel for...

Llévame donde estés, llévame...

Espero por ti...

Sei que não virás esta noite, mesmo assim espero por ti...

Assim é, nada a fazer!

I miss you, but i haven't met you yet!!!

Por vezes gostava de ter tido apenas e só um amor.

Ter-me apaixonada uma única vez...

Não ter conhecido outros lábios... Nem outro abraço, muito se encontra pelo abraço.

Ter-me deparado com a minha quimera sem todo este caminho...

Dedicar-me a uma só pessoa, ter o tempo de conhecer o seu âmago, cuidar de amar e oferecer o meu abraço... sem máscaras nem jogos (Céus, ainda há tempo e paciência para jogos!?)

Voltar ao inicio, como nos mitos de Platão antes de os Deuses nos terem castigado.

Desde o berço...

Maybe, just maybe ainda chegue lá, ainda me apaixone pela primeira vez, e sei que te vou reconhecer no primeiro olhar!

I miss you, but i haven't met you yet...

Where The F@#% Are You??????

Searching for a faith long gone...

Lá chegarei, lá chegarei...

Diga trinta e três...

Podemos?

Já nos conhecemos.

Já passámos pelo primeiro olhar, pelo primeiro toque de mãos, pelo primeiro beijo, pelo primeiro abraço tão longo e suplicante que me dizia: "fica!", somente isso, "fica!".

Tivemos o nosso tempo, a nossa história, boa ou má, justa ou não, foi o que foi, ponto. Hoje não existimos, não existe um nós. Tu foste por onde foste, que caminho seguiste, não o sei. Segui, um dia de cada vez, segui...

Demorou a sarar, a perceber tudo o que se passou, e volta e meia, lá estavas tu novamente. Ou secalhar não, talvez tivesses estado lá sempre, não soube fechar a gaveta, que isso que dizem que o tempo cura tudo, deixa passar o tempo, é tudo muito recente é uma grande treta. Sinto-te hoje como ontem, não sei se és memória viva, real, ou se fui eu criei nova memória tua na tentativa vã de te sentir aqui...

Cruzei ontem o meu olhar com o teu. Não, não foi como pela primeira vez, e ocorreu-me...

podemos voltar a um sitio onde fomos felizes, ou é melhor deixar tudo como está? Nada se repete, e sei que vou mudar a ideia que tenho de ti, de nós quando e se voltarmos a ser um nós. Somos feitos de passado, presente e de futuro, acima de tudo de futuro. Seremos mais pacientes? Mais inteligentes? Terei desta vez o cuidado que não tive da outra vez? Ainda vamos a tempo, ou o peso que carregamos é já suficiente? Questions, questions...

Faz sentido voltar atrás? Preciso de algo de novo, já chega de fantasmas tão antigos que se tornam amigos que convidamos para jantar!

O que foi não volta a ser, talvez seja altura de dize Adeus (uma vez mais...)